domingo, janeiro 14, 2007

Luiz Henrique Seminu

Tá. Esse texto não é literário. Vou postar, porém, para que os alguns que lêem essas sandices saibam um pouco sobre quem escreve. Assim, num discurso mais direto.

Não abdico, contudo, (nem por isso nem por nada) de escrever como gosto de escrever. Deixemos que algumas imagens e informações criem um ambiente fértil para quem se interessar em preencher as lacunas. Passemos, pois, às coisinhas sobre mim. Não quer saber? Lance mão do MSN Messenger e/ou Orkut. Pode mesmo ser mais divertido, sem dúvida.

Uma pergunta não cala em mim: quando, e por que motivo, nos tornamos tão covardes? Sim, eu sei que sou covarde. E você também é. Nunca percebeu que fugimos o tempo todo da verdade (leia-se honestidade/franqueza/sinceridade)? Fugimos sim. Não sabemos quem somos. Gastamos todas as nossas energias para sustentar um arremedo do que gostaríamos de ser. E não é apenas social isso. Fugimos, sobretudo, de nós mesmos. Até a morte. Somos miseráveis. É necessário que se saiba isso.

Estou tentando perder um parafuso. Algo perfeitamente humano, mas que decidi rejeitar. Chama-se apego. Em toda a amplitude que a palavra abriga. Isso diz respeito a me desapegar do meu arremedo covarde sobre mim mesmo. Desapegar-me das pessoas (não, você desperdiçou uma conclusão – não é desprezar, é perder o apego). Desapegar-me das imitações fantasiosas que vivemos construindo sobre tudo e que, um dia, acabam por nos destruir. Um exemplo simples: amar você, e não a pessoa que construí em mim (inspirada em você, mas adequada aos meus desejos) movido pelo medo de te perder. Poupamo-nos, assim, de decepções tolas. Tão tolas e tão injustas. Cruéis, me atrevo.

Já olhei o caos, olhos nos olhos. Assusta? Apavora. Mas se aprende coisas que valem as penas. A mais importante, eu poderia enunciar como segue: se há uma verdade não relativa, não nos foi dado o direito de sabê-la. Nunca. Desista. Isso, levado a sério e com sinceridade, muda a vida diametralmente. Uma outra lição irrevogável: está se sentindo bem? Sente prazer? Pois sugue cada gota. Não reprima impulsos menores do que os que te conduziriam a um sanatório ou à prisão. As coisas podem (e provavelmente vão) mudar completamente no próximo segundo. O inferno é ali na esquina.

Há, em tudo, tanta beleza que tonteia. Mas não a vemos. Estamos olhando, mas muito ocupados pensando. A quantidade de concentração necessária para a verdadeira contemplação é tamanha, que uma vida de dedicação a isso pode não ser tempo suficiente. Há, felizmente, átimos desse estado mental durante as tentativas. E a beleza te preenche, ela te abraça forte, te deixa pleno de um não-sei-o-quê maravilhoso. Inesquecível. E está tudo lá, a verdadeira majestade. Ah, que nunca se duvide: é preciso haver beleza, tanto quanto é imprescindível o oxigênio do ar. Um detalhe curioso é que, quando se torna impossível que vejamos beleza no que quer que seja, quando tudo se resume a nada, e morrer não é uma opção, surge uma oportunidade única: reaprender de novo que é belo. E, dessa vez, pode-se aprender melhor o que é realmente belo.

Mais: a ilusão de poder planejar o futuro é uma maldição. A antecipação reduzida não, esta é necessária à sobrevivência. Ressalto aqui a pretensão de fazer planos para o longo prazo. Isso só nos conduz a dois fins: neurose ou decepção. A ordem é uma invenção humana, um recurso para que possamos nos referenciar minimamente. Mas não se engane - não há ordem. Absolutamente. Um mínimo necessário de esforço por ordem, somado a estar em paz com o caos, parece-me razoável.

Por último (e talvez o que há de maior importância) a ternura. Ser uma pessoa terna não tem a ver com se regozijar na gratidão das pessoas ( a ingratidão é mais comum, isso traz sofrimento). Ser terno faz bem. Tocar as pessoas com carinho, elogiar espontaneamente, ser solícito, atencioso, leal. Ouvir, de verdade, o que as pessoas se propõem a te contar. Usar vocativos graciosos. Acolher um abraço com firmeza e oferecendo segurança. Essas e mais incontáveis outras coisas. Preencha-te de ternura. Traz leveza de coração, conquista pessoas caras e garante noites mais bem dormidas.

Pedacinhos de mim... Agora, publicados, pertencem a vocês. Torna-se possível, assim, vislumbrar a possibilidade de você vir a gostar de mim, ou não. Mas, em nome da sensatez, não foi suficiente. Pretendendo ser completa minha autodescrição, não caberia aqui, não seria elegante, e não tem a menor graça conhecer as pessoas assim.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O problema de encontrar momentos maravilhosos, é que estamos tão acostumados a não te-los, que quando possuimos, ficamos tao apreensivos, achando que ja vai acabar, que nao aproveitamos cada segundo.
Aprendi a ser terno recentemente, o problema é que no mundo que vivemos, as pessoas não estao acostumados com a ternura, com a boa educaçao. Ficam sem jeito quando você as trata bem. Se você puxa uma cadeira para uma mulher se sentar, ela nem repara, acha que você puxou pra si, puxa a dela e senta. O mesmo vale quando abre-se uma porta, ela o espera passar. Isso tudo me entristece bastante, pois ser gentil, virou raridade, ao inves de normalidade.

E como a gente ja havia discutido antes, é bom se desprender dos valores insignificantes. Bom amar a pessoa pelo que ela é, e nao pelo que ela nos proporciona. Bom reconhecer quando algo acaba, e você pensa: "Deu certo, so nao foi pra sempre.".

10:32 PM  
Blogger Polysbela said...

Meu bem, chamar-se a si mesmo de “Luiz Henrique” acena positivamente para o que introjetei de você, ou seja, reforça-o em mim. E não há problema já que combatemos o apego de forma diferente.
a) Se covardia é fuga da honestidade/franqueza/sinceridade, podemos dizer que a coragem dói. É por isso que na maioria das vezes nos portamos covardemente, pelo mesmo ímpeto que te move em direção ao desapego: porque não queremos sofrer (ressalvados os que extraem prazer (!) dessa condição). Estaríamos equivocados, e a dor da coragem seria menor que a da fuga? É subjetivo. Para mim, sim. São esforços diferentes e cheios de prolongamentos, mas duvido que alguém almeje ser covarde, de modo que sê-lo evidenciaria a incoerência. Essa, a diferença.
b) E por que a construção de uma auto-imagem é covarde? O arremedo criado não pode ser um modelo ideal? E a gente não acaba se tornando o que acredita ser? (Tudo retórico, não precisa responder nada, rs).
c) Sobre a introjeção (aberta), concordo, é sempre mais inteligente permitir o confronto das sensações a respeito do outro; e não por outra razão que não a chance de ser surpreendido num universo de obviedades.
d) “Não reprima impulsos menores do que os que te conduziriam a um sanatório ou à prisão” – até que parece um meio-termo p/ o meu superego que anda apavorado com a idéia da paralisação do córtex cerebral.
e) E onde mais necessitaríamos da idéia de ordem (assim como da idéia de tempo) senão dentro da gente mesmo? O universo pode ser caótico (aliás, do ponto de vista de quem???), contando que o meu olhar seja ordenado.
f) O esforço pela ternura é mesmo louvável... mas há os que nos ‘arrancam’ amabilidade, e vamos além da nobreza propositada, somos envaidecidamente rendidos.

2:11 PM  
Blogger Paulo André Araújo Dias said...

À Poly:
a) Concordo. Mas a dor enfrentada pode ter um propósito racional e que direcione no sentido contrário de uma dor que não se deseja mais.

b)Respondendo às suas perguntas retóricas: não. Não é possível. Seria um arremedo praticamente idêntico ao que sua moral e cultura impõem. Mas, em essência, não seria vc.

c)A introjeção aberta é o primeiro passo rumo ao desapego.

d)Vc teria que vivenciae isso, pelo menos por um instante.

e)A ordem é uma fantasia, um mecanismo que funciona muito bem para os indivíduos socializados da raça humana. Como o tom do texto é pessoal, o fato de que o universo seja caótico parte do meu ponto de vista.

f)Pense aqui numa ternura absolutamente abrangente, mas que manifesta-se, objetivamente, de formas e por motivos diferentes.

Abraço

4:34 PM  
Blogger Thiago Orsi said...

Cara... acho que vou ter que ler mais umas 3 vezes o texto pra ver se entendo. Não que ela não seja intendível, estão ai os dois comentários de quem certamente entendeu na primeira lida. Mas vejo nesse texto o tanto que meu vocabulário é horrível. Não sei o significado de vários termos. Embora eu goste de simplificar a comunicação sem perder a clareza, o uso de um rico vocabulário me atrai...
e caralho, sinceramente, num falei nada a ver com o texto em si, portanto não é um comentário válido. Só me resta então dizer que o texto, no meu incompleto entendimento, começa do nada e termina em lugar algum. Fala-se em desapego, covardia, ternura. Uma abordagem superficial, rápida e belamente construída sobre aspectos complexos da natureza humana. Do jeito que eu gosto. Típico daqueles que caberiam perfeitamente em uma noite de bebedera e literatura (como sinto falta disso)... Antes de terminar e de me perder no que digo: o que não é pessoal? uma notícia? Tem como um descrição ou explicação ser impessoal? do nada para lugar algum? de onde viemos para onde vamos? quem somos? (apenas retóricas, plageando a polysbela)
abraço, seu safado!

9:08 PM  

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