terça-feira, dezembro 05, 2006

Poema curto sobre os pêlos do meu rosto

(Barbas, bardos, bandos, bares e bocejos. Brisa, beira. Bebo aos baldes, água pura e boa ventura. Brindem os bons!)

Arremedo de Sansão
Lacônica distribuição
Testosterona, macaco, cão
Por hora crescerão

Ato falho freudiano
Virilidade, santo engano
Vaidoso cultivando?
Do pó ao pó, humano

Mudo o tom, rimar sem criatividade cansa
Deixo barbas, olhar firme de espelho e de verdade
Novo inteiro: falharia se tentasse
Cores e contornos de artista e de criança

Poetinhas, pessoas que mudam de barba
Poetas (imberbes) mudam as pessoas

2 Comments:

Blogger mundosdevidro said...

meu poetinha imbarbe rs

gostei, particularmente, da mudança de métrica.

4:11 AM  
Anonymous Anônimo said...

Belo mote aliterante.
A escolha de uma consoante oclusiva, na aliteração, e da métrica curta, no início do poema, imprimiu uma dinâmica sagaz ao texto, que foi quebrada na penúltima estrofe. A fluência da leitura é freada, mas em proveito de uma outra harmonia, a do poema como um todo.
Gostei da mudança de tônica que constitui o poema. Começa barba, termina metalinguagem! Achei interessante que essa mudança se dê simultaneamente à mudança de tom. É como se tivéssemos dois poemas distintos amalgamados pelos fios da(s) barba(s) (do poeta). O primeiro é veloz como uma locomotiva, e o segundo é sábio como o velho maquinista que a pára num gesto.
Não intendi o termo "imbarbe". É do Francês, ou é forma variante de "imberbe" que eu não conheço?
"Mudo o tom, rimar sem criatividade cansa". Adorei essa! Até quando os poetas continuarão tentando enganar seus leitores? Acho que só poetas entendem poetas =P
Cara, acho que você encontrou seu estilo. Percebem-se os mesmos traços de autoria, nesse poema, encontrados no seu Poema Normal. Fico feliz por você, porque ainda não encontrei o meu e sei o quanto isso é difícil (o Santo Graal dos poetas!).
No mais, beijo nessa bunda =P

Digaum

11:44 AM  

Postar um comentário

<< Home